NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
Por Josselene Marques
Durante
esta semana, com base na observação que fiz durante repetidas visitas à XI
Feira do Livro de Mossoró (FLM), cheguei a uma gratificante e promissora
conclusão: nem tudo está perdido em se tratando da aquisição do hábito de
leitura por uma parcela razoável das mais novas gerações.
Nesta
edição da FLM, algumas equipes escolares, responsáveis pela compra dos livros,
tiveram a louvável e justa iniciativa de levarem junto com elas grupos de
estudantes a fim de que eles as ajudassem na escolha dos títulos a serem
adquiridos – podem ter certeza que era tudo o que eles queriam!
Foi
com alegria que presenciei a empolgação de vários adolescentes durante a
escolha dos livros para ampliação do acervo das escolas em que estudam. A
liberdade de escolherem qualquer título, sem se preocuparem com o preço, foi
tudo de bom para eles.
Quando
passava por um dos estandes, escutei quando uma aluna afirmou que lamentava o
fato de ser concluinte, já prevendo que não terá tempo de ler todos aqueles
livros até o final deste ano – imaginem que coisa boa!
Mesmo
com concorrência desleal das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(NTIC), percebi que os mais jovens integrantes da Sociedade da Informação ainda
apreciam o material impresso e isto é algo maravilhoso e uma motivação para os
escritores.
Entre
os títulos escolhidos por eles, destaco o best-seller Fallen (Anjo Caído) –
primeiro romance da série de livros de ficção sobre anjos da escritora
norte-americana Lauren Kate e os cinco livros de aventura e fantasia da série
sobre mitologia grega do século XXI, Percy Jackson & os Olimpianos, todos
escritos pelo estadunidense Rick Riordan. Vale salientar que tanto a conhecida
e reconhecida obra de Shakespeare – “atualizada” em HQ – quanto a poesia e a
prosa de autores brasileiros não foram descartadas pelos estudantes, pois eles,
espontaneamente, reservaram alguns títulos.
Em
meus giros pelos estandes, também ouvi comentários e olhares de censura de
professores mais conservadores dizendo-se insatisfeitos com as escolhas. Em sua
opinião, as crianças e os adolescentes deveriam ler apenas os clássicos,
convencionados ou impostos por pessoas dos séculos já passados.
Reconheço
o valor dos clássicos, até mesmo pelo fato de eles nos trazerem o contexto
histórico de tempos recuados, mas não podemos impô-los aos jovens do século
XXI, que preferem e buscam, em sua maioria, a ficção fantástica, na qual tudo é
possível e se resolve, como um refrigério diante da realidade de violência,
insegurança, impunidade e corrupção em que vivem e para qual não vislumbram
solução, pelo menos a curto prazo.
Sabemos
que, para adquirirmos o hábito da leitura, precisamos iniciar pelo que
gostamos. Portanto, devemos deixar a escolha a critério deles. Isto não nos
impede de sugerirmos os títulos literários consagrados nas gerações anteriores,
mostrando-lhes a sua relevância, mas jamais lhes impondo a leitura de um livro.
Afinal, a leitura deve ser algo prazeroso e não um castigo. Tenhamos paciência
porque consolidado o hábito, amadurecidos os leitores, eles lerão,
naturalmente, tudo quanto encontrarem pela frente. Sei do que estou
falando...
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