Crepúsculo vespertino em Riachuelo - RN - Brasil
Foto: Josselene Marques
De um auto em movimento, contemplo um painel gigantesco neste final de tarde...
Em sua parte superior, um fundo azul celeste ornado com pinceladas brancas em diferentes “texturas”. Partindo de sua base, dezenas de edificações dos mais diferentes matizes, modelos e estilos vão ficando para trás e dando lugar a outras que aparecem intercaladas, ladeadas ou cercadas por trechos cobertos por uma monocromia verde – esta dá a dimensão do quanto a vida se renova. Também posso ver centenas de animais pastando nesse espaço – moldura do caminho que ora percorro. Um pouco mais adiante, vislumbro alguns transeuntes, diminuídos em seu tamanho pela distância que nos separa. Naturalmente, eles seguem vivendo, em seus mundos particulares, as emoções que suas escolhas lhes permitem experimentar. O Sol se afasta, lentamente, reduzindo a luminosidade da paisagem... De súbito, eis que surge a encantadora Lua – guia e fonte de inspiração de um sem número de poetas. Mais uns poucos minutos transcorrem e minha retina registra o ápice desse revezamento. Num abrir e fechar de olhos, o painel natural é alterado por completo: uma chuva forte, proveniente de nuvens carregadas, encobre o satélite da Terra e a escuridão pinta de negro o quadro, até então, multicolor. Apenas os faróis dos carros, transitando em ambos os sentidos da autovia, e as luzes artificiais, das cidades margeantes à estrada, impedem que o negrume reine absoluto.
Duas horas depois, finalmente, chego ao meu destino. Estou de volta ao lar. É o fim das férias e o início, de fato, de mais um ano.
Um comentário:
Josselene, você contou, poeticamente, o que os meus olhos veem sempre que percorro esse mesmo caminho, quando de volta para casa. A natureza nunca repete, mas deixa, em cada um de nós, a nostalgia de momentos ímpares que, ela, a natureza, mesmo não repetindo, nos presenteia diariamente. Vi, com os meus olhos, o que o seu texto descreveu. E foram momentos lindos, recheados de gravuras onde o aqui e agora se faz desenho e pinta, sob o painel celeste, as cores da nossa imaginação. Linda prosa. Lindo encanto de uma viagem.
Abraço,s
Raí
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