Que tal esse texto para reflexão?
Abaixo, a tradução de "Hay que buscarse un amante" cujo autor é o psicólogo, psicoterapeuta e psiquiatra argentino Jorge Bucay.
Veja só que interessante... Vale a pena lê-lo.
Mulher encontrou o seu "amante"
no ato/prazer de escrever...
Imagem: Thinkstock
Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não o têm, e as que o tinham e perderam-no. E são, geralmente, essas últimas as que vêm ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam diversos sintomas como insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais variantes manifestações de sofrimento moral.
Elas me contam que suas vidas perpassam tediosamente e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem em que ocupar seu tempo livre. Enfim, em outras palavras, dizem que estão simplesmente desesperançadas.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam passado por outros consultórios, onde receberam a condolência de um diagnóstico seguro: "Depressão", além da inevitável receita do antidepressivo do momento.
Então, após escutá-las, atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum antidepressivo; digo-lhes que elas precisam é de um amante!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu veredito. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa tão pouco científica!" Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Àquelas que decidem ficar e não saem horrorizadas com o meu conselho, eu explico o seguinte: “amante” é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso amante é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos faz descobrir que a vida tem motivação e sentido.
Às vezes, encontramos o nosso amante em nosso parceiro, em outros casos, em alguém que não é nosso parceiro. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho - quando é vocacional, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo de um hobby...
Enfim, é alguém ou algo que nos faz namorar a vida e nos livra do triste destino de "durar".
E o que é "durar"? Durar é ter receio de viver. É dedicar-se a vigiar como vivem os outros, é deixar-se dominar pela pressão, vaguear por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada nova ruga que o espelho nos mostra, é a preocupação com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Durar é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, citando o argumento incerto e frágil que talvez possamos fazê-lo amanhã.
Por favor, não se empenhe em "durar", busque um amante, seja também um amante e um protagonista da vida.
Pense que o trágico não é morrer; afinal, a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é não se animar a viver; enquanto isso, e sem mais demora, busque um amante...
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: "Para estar satisfeito, ativo e sentir-se feliz, é preciso namorar a vida."