terça-feira, 31 de março de 2009

Visão privilegiada

Visão privilegiada


Os seres vivos não são desiguais apenas na aparência. A sua forma de enxergar a natureza também é diferenciada.

Os tipos de pigmentos na retina é que determinam a percepção das cores. No homem, por exemplo, há três pigmentos: o vermelho, o azul e o verde. Isto permite que ele tenha a visão do vermelho ao violeta. Todavia, a falta de um pigmento para luz ultravioleta, faz com que algumas coisas sejam invisíveis para ele – como é o caso de certas substâncias, perceptíveis pelo cheiro, mas que não são captadas pela visão.


Alguns animais domésticos possuem apenas os pigmentos verde e azul e, em consequência, são daltônicos. Por isso os gatos e os cachorros são incapazes de perceber certas cores, especialmente, o vermelho e o verde.

Entretanto, há um camarão que possui doze tipos de pigmentos. Não resta dúvida que a sua visão é extraordinária. Siga o meu raciocínio: se nós, seres humanos, com a nossa visão de três pigmentos, enxergamos a maior parte das maravilhas deste planeta e nos deslumbramos com elas, calcule como seria se nós também tivéssemos a quantidade de pigmentos desse camarão. Algo, realmente, fabuloso e inimaginável. Concorda?
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados
Imagens: WEB

sábado, 28 de março de 2009

Destino


Imagem: WEB


Era madrugada de uma sexta-feira. A garoa diminuía a visibilidade de Camila que, da janela de seu quarto, após acordar de um lindo sonho, fora contemplar a natureza que tanto a fascina. Naquele momento, só conseguia ver a chuva fina e persistente, ouvir o canto de alguns pássaros e sentir o perfume das flores de seu jardim. Romântica, ecologicamente correta, sempre valorizara e respeitara o ambiente no qual estava inserida. Aprendera que o planeta é a sua casa e não apenas aquele espaço restrito de seu lar. Fazia questão de desfrutar de tudo quanto, generosamente, lhe fora destinado pelo Criador.
As gotículas deixaram de cair, mas ainda fazia frio. De repente, ela tomou uma decisão: iria passar o final de semana numa praia distante e deserta. Queria ver o sol de um ponto estratégico que descobrira em outra ocasião. Na verdade, esta jovem mulher desejava apenas afastar-se da vida agitada e estressante de sua cidade. Seu coração estava tranquilo e de férias. Passara por algumas decepções – é verdade – mas nada que alterasse, drasticamente, a sua vida, pois jamais amara alguém de verdade. Simpática, inteligente, de boa índole, corpo dentro dos padrões exigidos, pele clara, cabelos castanhos, rosto de traços suaves e angelicais, amiga de todos, sempre fizera boa figura entre as pessoas de seu convívio e provocara um bom número de paixões. Todavia, ninguém conseguira despertar o seu sentimento mais sublime. Personalidade forte e segura de si descartava tudo o que fosse incoerente com o seu pensar.

Prática, em poucos minutos, arrumou sua bagagem, tomou algumas providências e, ao som de sua banda favorita, deu partida em seu carro e pegou a estrada. Ainda estava um pouco escuro, mas ela sentia que logo os primeiros raios de sol surgiriam – e estava certa! Em poucos minutos, a claridade tomou conta da paisagem que, da estrada, ela tinha o prazer e privilégio de apreciar. O verde, em diversas tonalidades, predominava. O céu, agora, podia ser visto em sua máxima extensão: nuvens brancas num lindo fundo azul. Maravilhada com a paisagem, perdeu as noções de tempo e de espaço percorrido e, para sua surpresa, chegara ao seu destino. Resolveu ir pela beira-mar. Assim alcançaria mais rápido o morro do qual pretendia avistar toda a dimensão daquele paraíso. Trancou o automóvel e iniciou a subida. Completamente absorta e com olhos fixos ora no sol ora no mar, não percebeu a presença de alguém que a observava desde a sua chegada. O cheiro de Ferrari Black – uma fragrância masculina conhecida – trouxe-a de volta à realidade. Num movimento automático, virou o rosto e à sua frente estava o ser mais arrebatador que seus olhos já haviam visto. Era alto, porte atlético, pele bronzeada, cabelos castanhos e rosto expressivo com um par de olhos azuis. A emoção foi tão intensa que seu corpo tremia, o coração ficou descompassado, a sua voz sumiu e parecia flutuar. Não conseguia sair do lugar. Por mais que seu cérebro quisesse, o corpo não obedecia ao comando. Descobrira um outro mar. Ele estava dentro dos olhos daquele que, aparentemente, com o mesmo encantamento a admirava.

O tempo parou para eles. Completamente hirta, notou que a distância entre ambos reduzira-se. Sentiu que suas mãos foram delicadamente colocadas entre as dele. Pela primeira vez, ouviu o som de sua voz que disse: “Meu nome é Richard. Há anos eu estava à procura do amor de minha vida. Neste instante, pus fim a minha busca.”

Copyright © 2009 – Josselene Marques
© Todos os Direitos Reservados

Psicologia

Imagem: WEB

Psicologia é um termo grego derivado das palavras psyché (alma, borboleta) e lógos (palavra, razão ou estudo). Portanto, ela é a ciência dos fenômenos psíquicos (sentimentos, pensamentos, razão) e do comportamento.

Chamou-me a atenção o significado da primeira palavra da composição que me faz relembrar uma das mais lindas histórias da mitologia: Eros (Amor) e Psiquê (Alma).


Na verdade, Psiquê representa a alma humana que se purifica, através dos sofrimentos, e se prepara para viver o amor personificado em Eros. Desta forma, alcançará a felicidade.

Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados


quarta-feira, 25 de março de 2009

Arte milenar

Imagem: WEB


Origami” é uma palavra de origem japonesa. “ori” significa dobrar e “gami” papel. Tudo começou, no Japão, como uma brincadeira, na época em que surgiu o papel, há mais de dois mil anos, por volta do ano 105 da nossa era. Ele foi inventado pelo funcionário público Tsai-Lun.
Hoje, essas delicadas dobraduras são consideradas uma arte milenar e também terapia para desenvolver a minudência, a paciência, a concentração e a coordenação motora.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Calmantes naturais

Imagem: WEB

"O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano."

Frederico I ( 1657 – 1713) - foi o primeiro Rei da Prússia (1701 – 1713). Morreu aos 55 anos.
É através da esperança que traduzimos os nossos sonhos e conseguimos força e paciência para suportar e cumprir a nossa missão terrena.
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

domingo, 22 de março de 2009

Água



Hoje é o Dia Mundial da Água. Como todos sabem, há dois tipos de água: a salgada e a doce. A salgada corresponde a 99% do total destas, sendo que a doce ocupa apenas 1% do espaço aquático da Terra.

Segundo a FAO (agência das Nações Unidas para agricultura e alimentação, sediada em Roma), em menos de 20 anos, cerca de 60% da população do mundo deve enfrentar escassez de água, pois o seu consumo dobrou em relação ao crescimento populacional no último século. Contudo, podemos evitar o desperdício e ajudar a alterar, positivamente, esses prognósticos seguindo os dez mandamentos para economizar água. Vejamos:


1. No banho: Molhe-se, feche o chuveiro, ensaboe-se e depois abra para enxaguar. Não fique com o chuveiro aberto. O consumo cairá de 180 para 48 litros.

2. Ao escovar os dentes: escove os dentes e enxágue a boca com a água do copo. Assim você economiza 3 litros de água.

3. Na descarga: Verifique se a válvula não está com defeito, aperte-a uma única vez e não jogue lixo e restos de comida no vaso sanitário.

4. Na torneira: Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros/minuto. Pingando, 46 litros/dia. Isto significa 1.380 litros por mês. Feche bem as torneiras.

5. Vazamentos: Um buraco de 2 milímetros no encanamento desperdiça cerca de 3 caixas d’água de mil litros.

6. Na caixa d’água: Não a deixe transbordar e mantenha-a tampada.

7. Na lavagem de louças: Lavar louças com a torneira aberta, o tempo todo, desperdiça até 105 litros. Ensaboe a louça com a torneira fechada e depois enxágue tudo de uma vez. Na máquina de lavar são gastos 40 litros. Utilize-a somente quando estiver cheia.

8. Regar jardins e plantas: No inverno, a rega pode ser feita dia sim, dia não, pela manhã ou à noite. Use mangueira com esguicho-revólver ou regador.

9. Lavar carro: Com uma mangueira gasta 600 litros de água. Só lave o carro uma vez por mês, com balde de 10 litros, para ensaboar e enxaguar. Para isso, use a água da sobra da máquina lavar roupa.

10. Na limpeza de quintal e calçada use vassoura - Se precisar, utilize a água que sai do enxágue da máquina de lavar.

Fonte:
http://www.rededasaguas.org.br/acesso/itu/dez.htm
Imagem: WEB

sábado, 21 de março de 2009

Escritores da Liberdade


Foto de uma cena do filme "Escritores da Liberdade - Imagem: WEB

Hoje é o Dia Internacional contra a Discriminação Racial.
A data me fez recordar o filme “Escritores da Liberdade” que tive a oportunidade e o prazer de assistir, há alguns meses, em uma das aulas de um sábio professor, durante o meu curso de pós-graduação.
Durante a sua exibição, observei que muitas questões são abordadas, contudo, o que mais me chamou a atenção foi um forte ensinamento que ele nos passa: faz-nos enxergar os nossos semelhantes como irmãos - não importando a cor, a raça ou a condição social. E vai mais além: mostra que todos nós temos mais coisas em comum do que diferenças, sendo o convívio pacífico a atitude mais inteligente a se adotar. Dei-me conta, também, de que a sala de aula é o melhor lugar para travar a luta contra discriminação e preconceitos e, desta forma, viabilizar a mudança, pois quando corrigimos tanto os conceitos errôneos dos alunos quanto os nossos, automaticamente, combatemos a discriminação, modificamos a todos e contribuímos, positivamente, para transformação do mundo. Veja só o tamanho da responsabilidade dos educadores!
Escritores da Liberdade” é, de fato, um belo filme, baseado em fatos reais, que não tenho receio de indicar, pois quem o assiste não se arrepende.


O cartaz do filme ao fundo e a professora real,
Erin Gruwell, em primeiro plano.

Mais sobre o filme:

Sinopse: Hilary Swank é uma professora novata que tenta inspirar seus alunos problemáticos a aprender algo mais sobre tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus sonhos e dar continuidade a seus estudos além da escola básica. Também ela é ousada ao enfrentar os grupos formadores de gangues em sala de aula, levando-os a pensar sobre a formação e ideologia dos próprios.

Sinopse disponível em:
http://www.espacoacademico.com.br/082/82lima.htm

Título do filme: Escritores da Liberdade
Título original: Freedom Writers
País: EUA/Alemanha
Gênero: drama.
Classificação: 14 anos
Duração: 123 min.
Ano: 2007
Direção: Richard LaGravenese
Produção: Danny DeVito, Michael Shamberg, Stacey Sher
Elenco: Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, April Lee Hernandez, Mario, Kristin Herrera, Jacklyn Ngan, Sergio Montalvo, Jason Finn, Deance Wyatt, Vanetta Smith, Gabriel Chavarria, Hunter Parrish, Antonio Garcia.
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

Amanhecer


Imagem: WEB


Nada como presenciar o raiar do dia
- Que espetáculo ímpar!
Ver os feixes de luz iluminando a natureza
É algo que enleva a nossa alma
E nos faz acreditar em dias melhores.
A cada amanhecer, temos uma nova chance
De recomeçar ou corrigir nossas vidas.
Então, espelhemo-nos no alvorecer!
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

quinta-feira, 19 de março de 2009

O aborto

Imagem: WEB

Com o texto abaixo, e mais outros tantos acertos, meu jovem sobrinho Joílson Marques - apenas dezoito anos de idade - garantiu sua aprovação no Concurso Vestibular 2009/UERN. É, realmente, um motivo de alegria e orgulho para toda a nossa família. O tema sugerido foi o aborto e a tia coruja tem o prazer de publicá-lo.


A cada dia que passa, os casos de abortos e o surgimento de novas clínicas clandestinas aumentam no Brasil, gerando muitas discussões.

O que faz uma mulher abortar? Será a pressão do parceiro, da família ou, talvez, porque a gravidez não foi planejada?

São essas as desculpas mais frequentes para justificar a falta de educação e o desrespeito pela vida humana e, em outras palavras, a crueldade e a brutalidade cometidas contra um ser indefeso. Essas “mães” que poderiam se prevenir – o Governo fornece métodos anticoncepcionais – continuam abortando pelo simples fato de que “com camisinha não é legal!” E tirar uma vida é legal?

Esta é a vergonhosa situação do Brasil e, de muitos países pelo mundo afora, em pleno século XXI, onde pessoas fazem sexo, sem nenhum vínculo, somente em busca do prazer e sem se preocuparem com o mal que poderão causar a si próprias e aos que poderão ser gerados devido a esta irresponsabilidade.

O interessante é que o indivíduo, vendo esta situação, abre uma “clínica” e começa a praticar abortos, como se esse ato não fosse tirar uma vida. Então, surge uma questão: essa pessoa é um médico ou um assassino? A resposta é lógica: assassino cruel que deve ser preso e julgado como qualquer outra pessoa que matou alguém com uma faca ou um tiro. Infelizmente, na grande maioria dos casos, a justiça não é feita e eles continuam impunes.

Cabe à população refletir, analisar a gravidade “dessa situação”, perceber que esses “médicos” estão fazendo uma grande crueldade, mobilizar-se e exigir o respeito à vida. Já as mulheres que fizeram ou pretendem fazer o aborto, por favor, pensem e vejam que não vale a pena. É tão bonito ser mãe! Não importa se vai nascer com deficiência ou de um estupro ou, ainda, se não foi planejado, lembre-se de que esse ser é seu filho e, haja o que houver, ele será sempre seu filho. Por isso, cuide dele, ame-o e, com certeza, vocês serão muito felizes.


Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

quarta-feira, 18 de março de 2009

Onda


Imagem: WEB

Tal qual uma onda
Vou e volto
Caio e me levanto
- Mais fortalecida.
Desta forma, ensaio
E cumpro o meu viver.
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

terça-feira, 17 de março de 2009

Dinheiro X Independência

Imagem: WEB

"Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência."



Henry Ford (1863 —1947) - foi um empreendedor americano, fundador da Ford Motor Company, e o primeiro empresário a produzir automóveis em grande quantidade, em menos tempo (um carro a cada 98 minutos) e a um menor custo. Inventor prolífico, registrou 161 patentes nos Estados Unidos.


De fato, a citação acima é uma grande verdade. Não basta ter o dinheiro. É preciso saber administrá-lo. Caso contrário, ele durará pouco em suas mãos.

domingo, 15 de março de 2009

Fórmula para viver bem

José, filho de Jacó, sendo vendido,
como escravo, pelos próprios irmãos
Imagem: WEB

"Ame a todos. Confie em poucos. Não faça mal a ninguém."


William Shakespeare (1564 — 1616) - foi um dramaturgo e poeta inglês.

O bom cristão, na qualidade de filho de Deus, deve amar, indistintamente, o seu semelhante. Amar a quem nos ama, é muito fácil. Tarefa difícil é amar pessoas nas quais não podemos confiar, que nos tratam mal, que não perdem a oportunidade de nos explorar, caluniar e, ainda assim, acham que estão com a razão. Todavia, não devemos fazer mal a ninguém ou revidar ofensa física ou moral, pois agindo desta forma estaremos nos nivelando a esses irmãos em princípio de evolução.
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

sábado, 14 de março de 2009

Dia Nacional da Poesia


Imagem: WEB


O filósofo Platão afirmou que “todo homem é poeta quando está apaixonado.” Jamais ousaria contestá-lo, mas penso que para se fazer poesia, é preciso um pouco mais, pois a poesia é fruto da sabedoria, da sensibilidade, da observação atenta a todas as coisas fundamentais que nos rodeiam e da reflexão sobre o porquê de tudo que existe ou acontece.
A poesia é uma forma de expressão literária surgida simultaneamente com a música, a dança e o teatro. Dificilmente, encontraremos alguém que não a aprecie, pois o sentimento está centrado nas palavras que a compõem.
Hoje, no Brasil, comemoramos o Dia Nacional da Poesia. Abaixo, tentarei, em forma de versos, expressar o que entendo por poesia. Vejamos!

Poesia

Poesia vem da alma.
É releitura da realidade,
Quando dá um novo sentido ou formato às coisas,
Ao refletir uma visão particular do mundo.
É sincronia entre emoção, pensamento e palavras.
É emoção convertida em versos.
É eternizar beleza e sentimentos.
É a materialização dos sonhos e das fantasias.
É enxergar a simplicidade da vida
E transformá-la em algo extraordinário.
É construir pontes
Enquanto a maioria constrói muros.
É uma suave melodia dos corações sensíveis.
A poesia encerra em si todos os sonhos do mundo
E nos faz voar por espaços ilimitados ao encontro dos mesmos.


Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados



terça-feira, 10 de março de 2009

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti

Este texto de Marina Colasanti foi publicado em seu livro de mesmo nome (Eu sei, mas não devia - Ed. Rocco - Rio de Janeiro - 1996). Com este livro Marina conquistou um prêmio Jabuti.
Imagem: WEB


Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

domingo, 8 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher


Foto: Maria Luíza - Arte: Selene

Hoje, Dia Internacional da Mulher, após refletir um pouco, dei-me conta de que, mesmo ainda existindo mulheres que são vítimas de discriminação, machismo e violência, elas, em sua maioria, conseguiram, nas últimas quatro décadas, conquistar espaços jamais concebidos. Todavia, ainda não é o ideal e muito menos o merecido.

Tudo quanto a mulher granjeou, até o momento, foi com muito sacrifício. Ela é uma lutadora - este é o adjetivo que melhor a caracteriza. Mulher é sinônimo de garra, resistência e superação. Entretanto, apesar de todo esse espírito de luta, tem sido bastante injustiçada, por gerações e gerações, e obrigada a ocupar um papel secundário, de submissão e de dependência quando, na verdade, ela também contribui, de maneira efetiva, na construção da sociedade. Há até chavões que reconhecem o seu valor, mas não alteram sua posição hierárquica. Cito como exemplo o “Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. Veja: a mulher é “grande”, mas tem que ficar em segundo plano. Por que não lado a lado?

Embora todos tenham consciência de seu relevante papel, a mulher, até os dias atuais, ainda pleiteia um salário justo e o direito às mesmas regalias dos homens.

Em pleno século XXI, algumas pessoas “conservadoras” ainda acham que a mulher deve apenas permanecer em casa, cuidando do marido e dos filhos e que, em público, precisa ser discreta - quase invisível - e jamais ofuscar o “brilho” do esposo. Felizmente, muitas mulheres vêm reagindo, de forma mais incisiva, a esse conservantismo, deixando o conformismo de lado. Isto resulta na redução do número de pessoas com esse pensar e viabiliza as mudanças. Atribuo o mérito dessa reação à educação. Antigamente, elas não tinham acesso ao saber formal e, portanto, viviam alheias aos acontecimentos além dos seus “domínios”, não desenvolviam o senso crítico e, muito menos, tinham consciência dos seus direitos. A partir do momento em que tiveram acesso à educação, tudo vem, paulatinamente, se transformando. A mulher moderna, devidamente qualificada e politizada, amplia e consolida o seu espaço na sociedade. O mais interessante é que, a cada avanço, ela surpreende, pois tudo quanto faz é com esmero. Outro ponto que merece destaque é o fato de que a mulher, generosamente, utiliza o conhecimento adquirido em prol da sociedade que a discrimina – já que a mulher esclarecida cuida melhor de si mesma e de sua família e adota iniciativas que corrigem falhas nos diversos setores nos quais atua e, desta forma, ajuda a dar nova feição e melhorar a sociedade. Como ela tem conquistado cada vez mais espaços, mesmo com entraves, não há como passar despercebida. Uma boa parte dos homens já reconhece a sua competência e a admite publicamente. Isto tem contribuído para a sua admissão em diferentes profissões e setores - anteriormente, exclusivos dos homens - e na política. O impressionante é que ela consegue acumular e conciliar múltiplas funções sem comprometer a qualidade do trabalho, o seu desempenho no lar e a sua feminilidade.

Espero e desejo que não esteja muito longe o dia em que todos, sem exceção, outorgarão à mulher o seu devido valor.

Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

quinta-feira, 5 de março de 2009

Dia do filatelista

A filatelista Josselene - Foto: arquivo Gazeta do Oeste - Arte: Selene

Hoje é o dia do filatelista. Eu também me incluo entre os milhões de colecionadores de selos existentes no mundo. Atualmente, este hobby está um tanto fora de moda, principalmente, entre os mais jovens. Isto se justifica pelas inúmeras facilidades da internet, e de tantas outras opções, que absorvem o tempo livre dessas pessoas e inviabilizam o crescimento do colecionismo de selos que demanda tempo, paciência e organização. É, sem dúvida, uma concorrência desleal, apesar de que muitos filatelistas já utilizam a internet para intercâmbio de material e de informações.

Particularmente, aprendi e aprendo bastante com a filatelia. Esses pequenos e belos pedaços de papel, além de custearem a troca de correspondência, também nos ensinam muito, pois cada lançamento filatélico é cuidadosamente planejado.
Quem coleciona selos tem em suas mãos imagens da fauna, da flora e do folclore de centenas de países, entre tantos outros temas já estampados, e um roteiro cronológico dos principais acontecimentos da história da humanidade.
Então, aproveito esta data para enviar os meus parabéns para você que sabe e reconhece o verdadeiro valor de um selo.
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

terça-feira, 3 de março de 2009

Definitivo

Imagem: WEB


Este é um poema-lição de Carlos Drummond de Andrade. Sugiro que você deixe-se levar pela sabedoria dos seus versos e, certamente, evitará muitos dissabores em sua vida.


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades
que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho
é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos
em que poderíamos estar confidenciando
a ela nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim
que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos
e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia
por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço
de que o desperdício da vida está no amor
que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

O fim do mundo: mais um alarme falso

Provável mudança no campo
magnético terrestre - Imagem: WEB

A nossa necessidade intrínseca de compreender o mundo no qual vivemos é, entre outras coisas, o que nos diferencia das demais espécies. No decorrer da história, as inúmeras civilizações, que habitaram este planeta, sempre tiveram uma curiosidade em comum: saber quando será o fim do mundo.
Recentemente, THC (The History Channel) – canal de TV a cabo americano que apresenta documentários diários e semanais sobre temas diversos, principalmente, de teor histórico – produziu um documentário apelativo que trata de uma suposta profecia maia sobre o fim do mundo. O mesmo será exibido, nesta primeira semana de março, durante a programação daquele canal. O interessante é que o simples anúncio do documentário já chamou a atenção de muita gente e tem provocado discussões na Web, nos jornais e em redes de televisão.
Não podemos negar que esse povo pré-colombiano possuía um elevado grau de desenvolvimento e que seu calendário complexo e holístico foi um dos mais precisos já elaborados pela humanidade. Também não é à toa que sua cultura sempre foi muito valorizada e o seu povo digno de credibilidade, apesar da origem incerta. Acredita-se que talvez tenham vindo do norte para estabelecerem-se no sul do México por volta do ano 1.000 a.C. Eram pessoas de baixa estatura, braços compridos, mãos e pés pequenos e cabelos negros e lisos que habitaram a região das florestas tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do atual México). Viveram nestas regiões entre os séculos IV a.C e IX a.C. Entre os séculos IX e X , os toltecas invadiram-nas e dominaram a civilização maia.
Segundo a tal profecia, se fizermos a conversão do calendário maia para o nosso, o fim do mundo ocorrerá, exatamente, em 21.12.2012. Temos, portanto, apenas três anos para desfrutar do que o mundo pode nos oferecer.
Na realidade, tudo não passa de um alarme falso. Não há profecia e os astrônomos são categóricos em afirmar que tal evento astronômico é impossível de acontecer – pelo menos nos próximos anos!
Na verdade, o documentário é apenas uma junção de elementos isolados atribuídos aos maias, relacionados com outras profecias; principalmente, as do I Ching (ou Livro das Mutações), de Merlin (personagem do Ciclo Arturiano que se refugiou nas terras escocesas e lá fez muitas previsões para o futuro) e de Sibyl (a profetisa romana).
O fato é que o calendário maia presume, apenas, que o mundo sofrerá alterações graves, que o transformarão, e estas ocorrerão no solstício de inverno de 21 de dezembro de 2012 – dependendo de suas consequências, não teremos clima ou vida para celebrar o Natal nesse ano. Já pensou?! Detalhe: alterações graves o mundo já vem sofrendo - como aconteceu, recentemente, após a Tsunami, que mudou o eixo da Terra. Todavia, isto não quer dizer que o mundo chegará ao fim.
Em síntese, não há motivo para pânico. Profecias do fim do mundo já existiram e sempre existirão – elas são atrativas, vendem bastante e, infelizmente, muitas pessoas se deixaram e se deixam influenciar e enganar. Os cientistas calculam que a terra durará, ainda, cerca de 5 bilhões de anos – temos que esperar o sol inchar – Imagine! Então, “muita calma nessa hora” e nada de preocupações baseadas em previsões vagas ou manipuladas, certo? Neste caso, até dezembro de 2012 – quando, mais uma vez, este tema voltará à tona com força total.

Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados

domingo, 1 de março de 2009

Boas-vindas

Imagem: WEB

De repente, não mais que de repente, dei-me conta de sua presença!
Estive tão absorta, em meus afazeres, que não o vi chegar. Mas você não perdeu tempo, hein?! Está cumprindo, à risca, o seu itinerário. Realmente, estávamos todos somente aguardando a sua chegada para, de fato, tudo começar. O carnaval passou e as férias escolares acabaram. Não temos mais desculpas. Agora, só nos resta dar início a mais um ano e contribuir para que ele seja de muitas realizações, conquistas e, principalmente, de mudanças que tornem o mundo melhor, mais justo e mais digno de se viver.
Bem-vindo, mês de março!
Copyright © 2009 – Meu Horizonte
© Todos os Direitos Reservados