sábado, 13 de junho de 2009

“Chuva de Bala no País de Mossoró”: banho de chuva x banho de profissionalismo

Quadrilha junina
na Estação das Artes Elizeu Ventania
Imagem: WEB

O mês de junho é um período em que Mossoró – segunda cidade do Rio Grande do Norte – oferece uma programação cultural intensa e diversificada.

Desde o último dia onze - quando teve início o famoso e tradicional evento “Mossoró Cidade Junina” - que a "nossa população" vem se multiplicando aceleradamente. As residências e os hotéis estão lotados de turistas que se distribuem entre as opções de entretenimento, de acordo com as suas preferências.

Todo este clima festivo acabou me contagiando e resolvi prestigiar, na noite passada, duas dessas atrações oferecidas.


Os tremendões - atração local
do Projeto Seis e Meia
Imagem: WEB


Netinho integrante da banda
"Os Incríveis" desde 1961.
Imagem: WEB

Primeiramente, fui, na companhia de familiares, ao Teatro Dix-huit Rosado assistir aos shows do “Projeto Seis e Meia” – que traz todas as sextas-feiras, às 18h30min, o que temos de melhor na MPB. Valorizo, sobremaneira, este projeto porque além de nos apresentar cantores e bandas de renome, também dá oportunidade aos artistas locais, pois são eles que fazem a abertura ou “janela” dos espetáculos. Na noite passada, de acordo com a programação, tivemos o grupo “Os Tremendões” (atração local) e a banda “Os Incríveis” (atração nacional). Ambos foram impecáveis em suas apresentações e nos fizeram viajar no tempo com o seu seleto repertório.


Foto: Thiago Alex

Dando continuidade à nossa diversão, após os shows, dirigimo-nos à área da igreja de São Vicente. No seu adro, o espetáculo “Chuva de Bala no País de Mossoró” (que conta a história da resistência desta cidade a um grupo de cangaceiros chefiados por Virgulino Ferreira da Silva, vulgo “Lampião”) já havia iniciado há cerca de vinte minutos. Chegamos no exato momento em que o corajoso líder da resistência - prefeito e coronel Rodolfo de Oliveira Fernandes - lia o bilhete do chefe do bando de foras-da-lei.

Como eu vira indícios de chuva e o espetáculo acontece ao ar livre, precavidamente, posicionei-me num ponto estratégico sob a marquise de uma loja – esta foi a minha sorte!

Cerca de dez minutos depois, todos os presentes foram surpreendidos com uma neblina que foi, paulatinamente, se transformando em chuva. Do meu abrigo, pude observar jovens e senhoras desesperadas para manterem seus penteados, escovas e “chapinhas”. Era uma azáfama, idas e vindas à procura de um refúgio; alguns “mais criativos” utilizavam cadeiras e mesas de plástico como guarda-chuvas; os garçons aflitos tentavam localizar os fregueses para fazer-lhes a cobrança dos comes e bebes; a equipe de apoio do espetáculo tentava, o mais rápido possível, proteger os refletores e o sistema de som com capas impermeáveis; enfim, um “Deus nos acuda”.

Apesar dos transtornos causados, do ponto privilegiado no qual me encontrava, vi tudo aquilo como algo positivo: uma bênção - pelo fato de as pessoas estarem ali se divertindo, em um lugar sadio, em clima de paz e tranquilidade.
O mais impressionante de tudo foi a postura dos atores do espetáculo. Enquanto tomavam banho de chuva, nos davam um banho de profissionalismo executando a sua performance como se nada de extraordinário estivesse acontecendo. Enquanto quem estava com as mãos livres reconhecia e aplaudia o seu esforço, eu fiquei a imaginar o trabalho que eles terão para secar o figurino e os objetos do cenário para próxima apresentação.

Como os 158 heróis que resistiram, sob a liderança do coronel Rodolfo Fernandes, à chuva de bala do bando de Lampião, em 13.06.1927, os mais de 70 valiosos atores, dançarinos e figurantes resistiram à chuva forte, em 13.06.2009, sem vacilar ou interromper a representação teatral e, sem dúvida, “deram conta do recado”. Meus parabéns a todos eles. Registro aqui a minha admiração pelo seu excelente trabalho: realmente, um espetáculo!

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3 comentários:

Baladas mp3 disse...

Admirable Jossi como siempre la actitud de los artistas que se brindan por entero a su pùblico.Solo los verdaderos artistas resisten lo que sea para brindar su espectàculo.Excelente relato

Anônimo disse...

Incrivelmente perfeito, o espetáculo.
Beijos!
Rodin.

Josselene Marques disse...

Beto:

Sinceramente, eu fiquei impressionada com o profissionalismo daqueles artistas. A chuva era bastante forte. Eles correram muitos riscos, pois havia tomadas elétricas espalhadas pelo chão. O final foi apoteótico: queima de fogos "rasgando" o céu em meio à chuva forte que caía: fogo x água. Fantástico!

Obrigada pela visita e pelo coerente comentário.

Volte sempre!

Rodin:

Concordo plenamente com você, amigo.

Cordial abraço e volte sempre.