caminham pelo centro da cidade de Mossoró-RN
Foto: Josselene Marques
Clique na foto para ampliá-la.
Hoje é primeiro de abril – Dia da Mentira -, mas o que vou narrar é uma verdade. Esta foto não é uma montagem...
Há exatamente uma semana, por volta das 11h30min, eu retornava do trabalho, quando, de repente, diante dos meus olhos, uma cena incomum me chamou a atenção: dois jovens com deficiência visual - cada qual com uma bengala na mão - caminhavam em meio ao trânsito intenso, típico daquele horário. Um deles seguia um pouco à frente enquanto o outro, com a mão direita pousada em seu ombro, andava um pouco mais atrás. Não pensei duas vezes. Tinha que registrar aquela cena. Retirei o telefone celular da minha bolsa, preparei a câmera e fiz a foto acima – apenas uma – de primeira!
Por uma questão de ética e respeito aos dois, procurei, no dia seguinte, identificá-los (João Marciliano Meira Barbosa e José Rodrigues Bezerra – são mais conhecidos por Joãozinho e Rodrigo, respectivamente) e, com a ajuda imprescindível da professora Eliane Dias, do Centro de Apoio ao Deficiente Visual (CADV), consegui a autorização deles para publicação da referida foto.
Concluindo o meu percurso, vinha refletindo sobre a cegueira. Lembrei-me, inclusive, de uma passagem bíblica (Mateus 15:14), que trata dos fariseus e de suas tradições, na qual Jesus diz o seguinte: "Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala.”
No caso desta parábola, Jesus se refere à cegueira espiritual, fazendo uma alusão às autoridades religiosas de sua época que, mesmo cheias de orgulho e avareza e desprovidas de compaixão e amor, se achavam no direito de julgar e guiar outras pessoas.
No caso destes dois jovens, a cegueira é sensorial. Todavia, ela não impediu que um deles fosse solidário e guiasse o seu amigo. Joãozinho enxerga sem ver. As armadilhas da rua e do viver não são empecilhos para ele. Que belo exemplo nos dá este rapaz! É lamentável pensar que há tanta gente com a visão perfeita, mas não consegue enxergar a necessidade do outro e muito menos o percurso da vida. Vendo esta foto, vemos que é possível, sim, um cego guiar outro cego.
Não me estenderei mais. A imagem por si só já é suficiente para nos fazer refletir e, quem sabe, modificar a nossa forma de ver o mundo.
Copyright © Josselene Marques
Todos os direitos reservados
Há exatamente uma semana, por volta das 11h30min, eu retornava do trabalho, quando, de repente, diante dos meus olhos, uma cena incomum me chamou a atenção: dois jovens com deficiência visual - cada qual com uma bengala na mão - caminhavam em meio ao trânsito intenso, típico daquele horário. Um deles seguia um pouco à frente enquanto o outro, com a mão direita pousada em seu ombro, andava um pouco mais atrás. Não pensei duas vezes. Tinha que registrar aquela cena. Retirei o telefone celular da minha bolsa, preparei a câmera e fiz a foto acima – apenas uma – de primeira!
Por uma questão de ética e respeito aos dois, procurei, no dia seguinte, identificá-los (João Marciliano Meira Barbosa e José Rodrigues Bezerra – são mais conhecidos por Joãozinho e Rodrigo, respectivamente) e, com a ajuda imprescindível da professora Eliane Dias, do Centro de Apoio ao Deficiente Visual (CADV), consegui a autorização deles para publicação da referida foto.
Concluindo o meu percurso, vinha refletindo sobre a cegueira. Lembrei-me, inclusive, de uma passagem bíblica (Mateus 15:14), que trata dos fariseus e de suas tradições, na qual Jesus diz o seguinte: "Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala.”
No caso desta parábola, Jesus se refere à cegueira espiritual, fazendo uma alusão às autoridades religiosas de sua época que, mesmo cheias de orgulho e avareza e desprovidas de compaixão e amor, se achavam no direito de julgar e guiar outras pessoas.
No caso destes dois jovens, a cegueira é sensorial. Todavia, ela não impediu que um deles fosse solidário e guiasse o seu amigo. Joãozinho enxerga sem ver. As armadilhas da rua e do viver não são empecilhos para ele. Que belo exemplo nos dá este rapaz! É lamentável pensar que há tanta gente com a visão perfeita, mas não consegue enxergar a necessidade do outro e muito menos o percurso da vida. Vendo esta foto, vemos que é possível, sim, um cego guiar outro cego.
Não me estenderei mais. A imagem por si só já é suficiente para nos fazer refletir e, quem sabe, modificar a nossa forma de ver o mundo.
Copyright © Josselene Marques
4 comentários:
Josselene,
Sou teu admirador. Dificilmente encontramos na mesma pessoa beleza interior e exterior tão abundantes.
Seria um privilégio te conhecer de perto.
Um respeitoso abraço.
Pedro Dilermando do RJ
Esta é a nossa verdade, infelizmente!!
Obg pela visita carinhosa de sempre e pelas belas palavras aos meus ouvidos!!
Bjks,
Josselene,
Ano passado, quase todos os dias - quando eu ia apanhar meu filho na saída do colégio - eu via uma cena incomum: dois cegos (um homem e uma mulher) saiam lá do Centro de Apoio (na praça que fica em frente ao Diocesano) e caminhavam em direção a avenida do referido colégio. Atravessavam a rua apenas com o ouvir. Paravam quando era necessário e andavam quando não existiam empecilhos. Como Deus capacita os seus! Agora, vendo o seu relato e o seu espanto, lembrei-me desse episódio.
Abraço,s
Raí
Pedro Dilermando:
Obrigada pelo amável comentário.
Um respeitoso abraço para você também.
Sulla:
É sempre um prazer recebê-la e também visitá-la.
Volte sempre.
Raí:
Mestre,
Eu conheço o casal ao qual você se refere. Na verdade, a mulher tem baixa visão severa, isto é, consegue enxergar o mínimo.
Quanto aos rapazes da crônica, ambos são totalmente cegos. Daí o meu espanto.
Obrigada e volte sempre.
Postar um comentário