sábado, 31 de janeiro de 2009

Apelo infantil


Pedro emblema milhões de crianças que
são vítimas de adultos despreparados.
Imagem WEB

Chamo-me Pedro. Tenho três anos. Vivo em um lar desajustado.
Sou um ser humano em fase de desenvolvimento
Físico, motor, psicológico, intelectual e social.
E, em virtude disto, uma criança frágil, inocente e dependente.
Ainda sou egocêntrico no pensar e nas atitudes,
Mas pretendo amadurecer – se houver cooperação e orientação por parte dos adultos.
Quero poder andar, correr, pular, saltar: viver.
Preciso sonhar, criar e ter lazer.
Necessito de estímulo para raciocinar e ser talentoso.
Pai, mãe, vovó, professora, por favor, lancem as bases da minha inteligência.
Em contrapartida, comprometo-me a ser um bom filho e um aluno respeitador e obediente.
Se bem cuidado, eu os recompensarei, no futuro, seguindo o caminho do bem.
Vejam: proteção não implica em proibições, censuras infundadas
Ou em anulação da minha criatividade – justifiquem os “nãos”.
Quero ter o direito de ficar triste, de chorar,
De manifestar minha ira, meu prazer ou minha afeição.
Peço apenas que me ensinem a controlar esses sentimentos.
De preferência, façam-no pelo exemplo que eu os imitarei.
Por favor, respeitem a minha forma de ser e agir.
Não importa onde eu esteja: em casa, na escola ou na rua,
Consintam a mim o direito de desenvolver-me – ajudem-me nas transições.
Careço de nutrição, acolhimento, atenção, carinho, compreensão: amor.
Por que não entendem que eu também sinto, penso e tenho querer?
Às vezes, sinto-me oprimido, injustiçado e humilhado
Por ser obrigado a suportar, submisso e em silêncio, arbitrariedades,
Impaciência, cólera, desajustes, negligência, privação de carinho e até agressões.
Percebo-me escravo de seus arbítrios e ansiedades.
Faço-lhes este apelo: não mais interfiram, negativamente, no meu desenvolvimento,
Pois os prejuízos e as sequelas poderão ser irreversíveis.
Informem-se e mudem ou aperfeiçoem o seu tratamento.
E, finalmente, enxerguem esta sua criança como um pequeno cidadão!
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Obs.: Eu escrevi este texto especialmente para ser lido no fechamento de um seminário, da disciplina de Psicologia da Criança e Aprendizagem, do meu curso de pós-graduação.

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