Foto: Josselene Marques
Do caminho de casa até a minha escola, vejo muitos contrastes.
O meu ponto de partida é uma via, bastante arborizada, cujo diferencial é a existência de canteiros com Carnaúbas (Copernicia prunifera). A Carnaúba é uma árvore característica do semi-árido do nordeste brasileiro e conhecida como “árvore da vida”, por oferecer uma infinidade de usos ao homem. Minha casa está situada em um bairro a três quarteirões do centro. De lá até a minha escola, vejo, diariamente, condomínios de luxo, belas habitações, residências humildes, casebres, bons hotéis e pousadas. Também vejo pessoas sem teto: menores de rua, mendigos e hippies dormindo nos bancos das praças. Ainda próximo à minha casa, passo pela central de abastecimento de alimentos da cidade e por pequenas mercearias. Após cumprir um terço do percurso, encontro-me ao lado do mercado central e de uma diversidade de lojas. Mais à frente, localizam-se a barragem e as duas pontes que unem as zonas leste e oeste da cidade. Deste trecho em diante, também vejo dezenas de veículos e seus condutores. É comum passar por carroças e bicicletas, que atrapalham o trânsito por não terem uma via própria. Presencio, semanalmente, acidentes provocados pela imprudência de motoristas apressados e estressados. Vejo estudantes a pé, acompanhados ou não de seus pais, irmãos ou colegas, se dirigindo às suas escolas. Ao mesmo tempo em que vejo trabalhadores, com suas pastas ou mochilas, em direção aos seus locais de trabalho. Geralmente, no início da semana, deparo-me com cenas de pessoas embriagadas e jovens farristas que permanecem até o amanhecer nos “espetinhos da vida”. Sobretudo, vejo o progresso. Nesses onze anos, o “cenário” do trajeto foi completamente alterado: da pavimentação asfáltica até a construção de novos prédios, reformas, demolições e reconstruções. Por outro lado, observo que o número de alunos transeuntes e nos transportes coletivos está reduzido. Entre os muitos fatores que contribuem para essa redução, um deles é determinante e preocupante: as escolas estão perdendo os seus alunos para o tráfico de drogas. É fato corriqueiro reencontrar ex-alunos nas imediações da escola a busca de novas vítimas para aliciar ou assaltar.
Foto: Josselene Marques
Em meio a tudo isto, há algo que vejo, diariamente, – salvo em dias de chuva – que me encanta e renova a esperança de dias melhores: refiro-me ao sol. Ele, com seus raios, não só ilumina o meu caminho, mas me fornece energia para desempenhar com entusiasmo o meu trabalho quando, finalmente, chego a minha escola.
Copyright © 2010 – Josselene Marques
© Todos os Direitos Reservados
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2 comentários:
Ah, que linda rua, Josselene!Adorei tua descrição. Ois, é uma pena que no Brasil ainda temos tantos problemas sociais, uma vez que o país tanto cresce. Mas não percamos as esperanças. Um dia vai mudar.
Beijo
Josselene, ainda conserva um pouco da Mossoró tranquila e arborizada. mas, como disse você, o progresso traz mudança. O homem muda a natureza através do seu trabalhe e, com isso, muda o mundo. Transforma-o em cultura.
Abraço,s
Raí
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