domingo, 17 de janeiro de 2010

Autodefinição

Foto: Maria Luíza Carvalho
Arte : Josselene Marques



AUTODEFINIÇÃO
Copyright © Josselene Marques

Agora mesmo, eu estava pensando como é fácil rotular, descrever e julgar as pessoas – muitas vezes, injusta e irresponsavelmente. No entanto, quando tentamos nos autodefinir – geralmente a pedido de alguém, pois dificilmente o fazemos por iniciativa própria –, a coisa se complica. Por que será que isso acontece? Certamente porque, quando nos revelamos, assumimos qualidades e também imperfeições. Nessa hora, vemo-nos obrigados a expor o primeiro eu – justo aquele que guardamos a sete chaves! Salvo exceções, é algo muito desconfortável ou constrangedor.

Por falar em eus, recordo-me que, em minhas leituras de adolescente, aprendi que todos nós, a princípio, convivemos com três eus: o primeiro é a nossa essência. Aquele ao qual poucos têm acesso. Nós somente o mostramos para quem temos “confiança de pensar em voz alta”. O segundo é o eu que todos conhecem. É a imagem que passamos para os outros. Já o terceiro eu é a personificação de nossas aspirações, ambições, isto é, ele é o que nós gostaríamos de ser e não somos por “n” motivos tais como: convenções, restrições, limitações e manipulações de toda sorte. 


Somente alguém equilibrado consegue viver em comum e em relativa harmonia com eles. Se isso não for possível, surgirão os transtornos da personalidade nos quais estes eus se multiplicarão (os eus insegurança, medo, violência, egoísmo, discriminação, fofoca, inveja, rancor, estresse, ansiedade, vaidade extrema, rebeldia, violência, insegurança, etc.) e só um especialista poderá encontrar a solução, que dependerá, em grande parte, da colaboração da vítima do distúrbio.

Quanto a mim, não fugirei à regra, pois autodefinir-me significa limitar-me, encerrar-me e, como sou uma pessoa em permanente aprendizado e evolução, nem que quisesse poderia lhe dar esta resposta.

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Josselene! Um artigo coerente, feito à medida. Não é de admirar, pois você é uma das pessoas mais centradas que eu conheço, por isso mesmo, eu tinha certeza - quando comecei a ler o texto - que jamais você se auto-revelaria, ou melhor, você jamais deixaria que nós soubéssemos sobre o seu "eu" imaginativo. Rsss.
Abraço,s
Raí

Ilaine disse...

Por mais abertos que sejamos, guardaremos sempre segredos de nós - em todos os eus.A autodefinição é complexa, é verdade.
Ah, que linda reflexão, amiga.
Beijo

Ramilson disse...

Olá Josselene! Parabéns pelo blog! Muito rico!
Ramilson

A R Gurgel disse...

Não é fácil dizer quem somos. Seu texto lembrou-me a dinâmica "a janela de johari", uma técnica de autoconhecimento segundo a qual nos apresentamos de quatro maneiras: imagem aberta - sabemos quem somos e o os outros também sabem; imagem secreta - Você sabe que é mas os outros não sabem que você é; imagem cega - Você não sabe que é mas os outros sabem que você é; imagem desconhecida - Nem você nem os outros sabem que você é. O ideal, segundo seus idealizadores é que busquemos cada vez mais a imagem aberta e nos afastemos da secreta. Um desafio!

Josselene Marques disse...

Raí:

Realmente, você tem razão. Afinal, eu não sou diferente da maioria.
Abraço, mestre.

Ilaine:

Obrigada pela visita e pelo incentivo. É um prazer recebê-la.
Volte sempre!!!

Ramilson:

Obrigada, amigo, por sua generosidade e amabilidade.

Ângela:

Gostei dessa dinâmica. Não a conhecia. Vou me aprofundar.
Valeu a dica, amiga.
Volte sempre que puder.