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E POR FALAR SOLIDÃO...
Por Josselene Marques
Ontem, ao retribuir as visitas sempre
bem-vindas de um talentoso amigo aos meus blogs, deparei com um lindo, porém
melancólico, poema em sua escrivaninha no Recanto das Letras (comunidade com
milhares de escritores publicando poesias, mensagens, crônicas, contos, frases,
pensamentos, poetrix, haicais e outros gêneros literários). Nessa composição,
intitulada “Noites de Solidão”, o poeta descreve a luta de uma personagem para
vencer a profunda sensação de vazio e isolamento que experimenta.
Achei o tema interessante e, então,
comecei a refletir sobre o sentimento de solidão – tão comum nos dias atuais,
apesar de a população mundial multiplicar-se ininterruptamente.
A meu ver, nem sempre solidão é o mesmo
que estar desacompanhado. Conheço muitas pessoas que têm relacionamentos
afetivos, em vários níveis, vivem cercadas de gente e, mesmo assim, sentem-se
solitárias, pois a impessoalidade – comum nos grandes centros, a ausência de
contato físico e a falta de entendimento contribuem para gerar o estado de
solidão. Vale salientar que este poderá tornar-se permanente ou não. Tudo vai
depender da maneira como for encarado e/ou das circunstâncias.
Também ocorre o inverso: embora vivendo
sozinhas, algumas pessoas parecem satisfeitas e de bem com a vida – mas aí já é
solitude e não solidão. Elas são/estão solitárias por escolha própria e não
porque perderam a companhia de outrem por determinado motivo ou conjuntura.
Voltando ao poema, a solidão que está
nos versos é, provavelmente, ocasionada pela ausência do amor ao seu lado e,
para esse tipo de solidão, somente a presença desse amor poderá tirá-la desse
estado. Por isso é que os versos – escritos pela personagem da poesia – são
desconexos, sem algo que possa lhe trazer o prazer de escrever.
Por outro lado, se levarmos em
consideração que nada e nem ninguém se vai por completo – nem com a morte –,
poderemos usar as boas lembranças, os sonhos e a esperança para amenizar a
solidão. Se recordar é reviver, se os sonhos são projetos para o futuro e se a
esperança nos ajuda a resistir, então, sentir-se ou não solitário (a) é apenas
uma questão de estado de ânimo.
Eis o referido poema do escritor
Raimundo Antonio de Souza Lopes:
NOITES DE SOLIDÃO
Desordenadamente, tenta expor o pensar,
E sucumbe ante a fraqueza do corpo.
Versos que, ingloriamente, rabiscados,
Não deixam passar o devaneio da alma,
Expõem, friamente, a agonia de uma noite
sem fim.
Sua imaginação teima em levá-la para
longe da solidão,
Num antagonismo crônico de quem prefere
a felicidade
Ao avesso da batalha da incredulidade e
do desfalecimento.
Entretanto, as horas passadas, em
comunhão com a dor,
Revelam o pesadelo quase clandestino de
sua amargura,
Que, desenhado em escrita declamada de
lembranças,
Sob o manto sagrado das noites
desérticas sem amores,
Morre, poeticamente – e diariamente –, a
cada amanhecer.
Fonte: http://158.69.2.188/poesias/3397129.
4 comentários:
Estou admirado! Como você conseguiu dizer exatamente o que eu pensei quando fiz o poema? Era isso o que eu queria dizer nos versos escritos. Fantástico! Parabéns!
Abraço,s
Raí
Josselene
O poeta ficou admirado com o seu poder de compreensão do eu lírico dele expressado nos versos - eu não! Da sua mente brilhante, isso é o de menos para se esperar.
Agora, encantado eu fico com a sua sensibilidade.
Que seu domingo seja feliz.
João Caldeira
Da Cidade Maravilhosa
Parabenizo o Mestre Raimundo para inspirar a você também tão bom reflexão.
EXISTE UM PROVÉRBIO CLARO PARA ESSAS SITUAÇÕES DE SOLIDÃO E QUE ACALMA DE CERTA FORMA OS ÂNIMOS:" É MELHOR SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO".
ABRAÇOS SINCEROS
LENICE BERNARDO
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