sábado, 25 de junho de 2011

E por falar em solidão...

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E POR FALAR SOLIDÃO...
Por Josselene Marques

Ontem, ao retribuir as visitas sempre bem-vindas de um talentoso amigo aos meus blogs, deparei com um lindo, porém melancólico, poema em sua escrivaninha no Recanto das Letras (comunidade com milhares de escritores publicando poesias, mensagens, crônicas, contos, frases, pensamentos, poetrix, haicais e outros gêneros literários). Nessa composição, intitulada “Noites de Solidão”, o poeta descreve a luta de uma personagem para vencer a profunda sensação de vazio e isolamento que experimenta.

Achei o tema interessante e, então, comecei a refletir sobre o sentimento de solidão – tão comum nos dias atuais, apesar de a população mundial multiplicar-se ininterruptamente.

A meu ver, nem sempre solidão é o mesmo que estar desacompanhado. Conheço muitas pessoas que têm relacionamentos afetivos, em vários níveis, vivem cercadas de gente e, mesmo assim, sentem-se solitárias, pois a impessoalidade – comum nos grandes centros, a ausência de contato físico e a falta de entendimento contribuem para gerar o estado de solidão. Vale salientar que este poderá tornar-se permanente ou não. Tudo vai depender da maneira como for encarado e/ou das circunstâncias.

Também ocorre o inverso: embora vivendo sozinhas, algumas pessoas parecem satisfeitas e de bem com a vida – mas aí já é solitude e não solidão. Elas são/estão solitárias por escolha própria e não porque perderam a companhia de outrem por determinado motivo ou conjuntura.

Voltando ao poema, a solidão que está nos versos é, provavelmente, ocasionada pela ausência do amor ao seu lado e, para esse tipo de solidão, somente a presença desse amor poderá tirá-la desse estado. Por isso é que os versos – escritos pela personagem da poesia – são desconexos, sem algo que possa lhe trazer o prazer de escrever.

Por outro lado, se levarmos em consideração que nada e nem ninguém se vai por completo – nem com a morte –, poderemos usar as boas lembranças, os sonhos e a esperança para amenizar a solidão. Se recordar é reviver, se os sonhos são projetos para o futuro e se a esperança nos ajuda a resistir, então, sentir-se ou não solitário (a) é apenas uma questão de estado de ânimo.

Eis o referido poema do escritor Raimundo Antonio de Souza Lopes:

NOITES DE SOLIDÃO

Desordenadamente, tenta expor o pensar,
E sucumbe ante a fraqueza do corpo.
Versos que, ingloriamente, rabiscados,
Não deixam passar o devaneio da alma,
Expõem, friamente, a agonia de uma noite sem fim.

Sua imaginação teima em levá-la para longe da solidão,
Num antagonismo crônico de quem prefere a felicidade
Ao avesso da batalha da incredulidade e do desfalecimento.

Entretanto, as horas passadas, em comunhão com a dor,
Revelam o pesadelo quase clandestino de sua amargura,
Que, desenhado em escrita declamada de lembranças,
Sob o manto sagrado das noites desérticas sem amores,
Morre, poeticamente – e diariamente –, a cada amanhecer.

Fonte: http://158.69.2.188/poesias/3397129.

4 comentários:

Anônimo disse...

Estou admirado! Como você conseguiu dizer exatamente o que eu pensei quando fiz o poema? Era isso o que eu queria dizer nos versos escritos. Fantástico! Parabéns!
Abraço,s
Raí

João Caldeira disse...

Josselene

O poeta ficou admirado com o seu poder de compreensão do eu lírico dele expressado nos versos - eu não! Da sua mente brilhante, isso é o de menos para se esperar.
Agora, encantado eu fico com a sua sensibilidade.
Que seu domingo seja feliz.

João Caldeira
Da Cidade Maravilhosa

Tiempo Final disse...


Parabenizo o Mestre Raimundo para inspirar a você também tão bom reflexão.

Anônimo disse...

EXISTE UM PROVÉRBIO CLARO PARA ESSAS SITUAÇÕES DE SOLIDÃO E QUE ACALMA DE CERTA FORMA OS ÂNIMOS:" É MELHOR SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO".
ABRAÇOS SINCEROS
LENICE BERNARDO