segunda-feira, 11 de maio de 2009

Visita inesperada


Imagem: WEB


VISITA INESPERADA
Copyright © Josselene Marques

Nos últimos meses, embora sua presença tenha sido constante em minha vida, há alguns dias ela não dava o ar de sua graça. Confesso que estava até me acostumando com a sua ausência. Já era adiantado da hora noturna quando ela chegou, inesperadamente. Parecia nervosa, pois utilizou mais de uma forma para se fazer notar e anunciar: uma linguagem própria de sinais e bastante barulho. Eu estava navegando na internet e, no exato momento de sua chegada, fazia um upload de um vídeo de Laura Pausini. Coincidentemente, a conexão caiu e não tive outra alternativa senão dar atenção exclusiva à inesperada visita. Depois de meia hora, cheguei à conclusão de que ela não tinha pressa para ir embora. Pensei comigo: que criatura mais inconveniente!

O tempo foi passando e o meu sono chegando e ela lá, firme e forte, fazendo-me companhia e impondo a sua presença. O cansaço me venceu e, apesar de minha boa educação, fui obrigada a deixá-la “falando sozinha”, já que não podia mandá-la embora, naquela hora. Adormeci. A certa altura da noite, acordei e observei que ela não se fora, porém, estava mais calma e silenciosa. Creio que percebeu que aquela não era hora para manifestações ou comportamentos efusivos.

Amanheceu. Ao despertar para um novo dia, confirmei minha suspeita: ela viera para ficar por um período bem maior. Fez-me companhia durante a noite inteira e imagino que não partirá tão cedo.

Neste instante, o relógio está marcando sete horas. Eu e ela estamos nos encarando. Tenho um compromisso e não quero levá-la junto comigo. O pior é que ela parece decidida e irredutível. Não tem acordo! Mais uma vez, serei forçada a abandoná-la para poder cumprir a minha agenda. Refleti um pouco: não preciso ficar constrangida, pois não a convidei. Ela terá que entender e relevar a minha a falta de cortesia.


Fui até o meu quarto preparar-me para sair. Ao retornar à sala, tive uma surpresa: minha visita se fora, sem despedir-se, mas tenho a impressão de que voltará mais tarde. Vi no céu alguns indícios. A minha companhia da noite passada chama-se chuva. Ela chegou, sem aviso prévio, acompanhada de raios e trovões e partiu silenciosa, há poucos minutos, deixando apenas a sua marca na natureza.

4 comentários:

Anônimo disse...

Legal essa crônica, Selene! Prendeu-me a atenção e eu fiquei querendo saber que companhia era essa que te fez ficar mais tempo acordada e, mesmo quando você resolveu ir dormir, ela não foi embora. Visitinha inoportuna! E, pior: na manhã seguinte ainda estava lá! Juro que não acertei quem era! Parabéns!
Beijos!
Rodin

Eliane disse...

São textos assim que despertam nossa curiosidade para lermos até o final.. bom hábito que nem todos têm, mas que quando se tem nao se arrepende, pois cada texto que lemos representa uma nova aprendizagem na nossa trajetória.
Parabens por mais esse..

Eliane

Josselene Marques disse...

Rodin:

Fico feliz que tenha gostado.
A minha intenção era justamente esta: despertar a curiosidade a respeito da visita.

Abraço fraterno!

Volte sempre que puder.


Eliane:

Seja bem-vinda à minha casa virtual.
Obrigada pela "força".
Volte sempre.

Anônimo disse...

Valeu! é muito saber que alguém se preocupa em mostar o que temos de bom. Mossoró nossa terra.
J.Neto