domingo, 24 de outubro de 2010

Irmã Aparecida: um referencial de educadora

Foi com a voz embargada e lágrimas contidas que a minha amada sobrinha Letícia, de apenas oito anos, deu-me a notícia do falecimento da Irmã Aparecida – sua “avozinha”, referencial de educadora e atual conselheira do colégio no qual ela estuda. Impotente, pude ver a tristeza profunda e indisfarçável em seus olhos infantis.


Batismo de Letícia. Recebeu este
prenome a pedido da Irmã Aparecida.
Foto: cedida


Sua emoção tem razão de ser, pois entre elas sempre houve uma afinidade extraordinária. Na verdade, a irmã franciscana começou a amá-la antes mesmo de seu nascimento. Há nove anos, minha irmã Jarlene fazia parte do quadro de docentes do Colégio Sagrado Coração de Maria, do qual a referida freira era a diretora. Ao saber que a sua funcionária daria à luz uma menina, pediu-lhe que a batizasse com seu prenome: Letícia. Assim foi feito. Após o nascimento da garotinha, ela se fez presente em sua vida e conquistou o seu respeito, a sua admiração e o seu amor. Diariamente, antes de ir para a sala de aula, sua “netinha” ia cumprimentá-la com beijos e abraços e, muitas vezes, detinha-se para escutar suas orientações, seus conselhos ou, simplesmente, para conversarem sobre alguma novidade ou descoberta dessa aluna tão especial.


Irmã Aparecida na comemoração
dos 4 anos de Letícia
Foto: cedida


Solidária à sua emoção, procurei confortá-la, mas sei que de pouco adiantou. Se a partida definitiva é difícil de ser aceita por um adulto, imagine, então, por alguém em tão tenra idade. Lamentavelmente, a dor e a morte fazem parte da vida e independem da faixa etária. Certamente, contribuirão para o seu amadurecimento e crescimento como ser humano.


As duas Letícias em um evento do CSCM
Foto: cedida


Irmã Aparecida foi o nome adotado pela mossoroense Letícia Rodrigues Duarte quando ingressou na Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Ela descobriu a sua vocação durante os primeiros anos escolares no Colégio Sagrado Coração de Maria – por muitos anos conhecido como o Colégio das Freiras. Depois de adulta, com múltiplas graduações, a experiente religiosa dirigiu o berço de sua formação por 44 anos. Sua morte, aos 86 anos, nas primeiras horas de ontem, foi motivada por complicações nos rins e nos pulmões, após uma cirurgia intestinal. O velório começou hoje, às 03h00, e o seu sepultamento, no Cemitério São Sebastião, será realizado após uma missa de corpo presente, às 15h30, na quadra do colégio ao qual ela dedicou os melhores anos de sua vida educando seguidas gerações. Nos últimos anos, na prestação de serviços religiosos (foram 66 anos de vida religiosa), dedicou-se, prioritariamente, à implantação do Movimento Mãe Rainha em Mossoró. Que Deus a receba de braços abertos.

Copyright 2010 © Josselene Marques
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4 comentários:

Jarlene Marques disse...

Selene,
Parabéns, pela bonita crônica.A Irmã Aparecida era realmente especial pra nós. Muito do que sou hoje, agradeço a ela. Tanto eu quanto minha filhota vamos sentir muito à sua falta.
Obrigada por expressar de forma tão bela um pouco do muito que ela foi.
Abraço,
Jarlene Marques

Ilaine disse...

Josselene! Que quadros mais lindos. É emocionante... Imagino o que significa esta perda para a menina Letícia. Mas ela carregará Irmã Aparecida a vida toda em seu coração.

Beijo

Anônimo disse...

Uma Tereza de Calcutá entre nós... Deve estar começando a fazer esse trabalho lá no andar de cima...
Abraço,s
Raí

Anônimo disse...

Saudade dessa pessoa maravilhosa a quem tive a dádiva de conviver com ela dois anos no colégio, onde ela dedicou td a sua vida.Foi pra mim uma surpresa, saber que Deus a tinha chamado, mais acredito que onde quer que ela esteja estará sempre sorrindo pra nós. Auxiliadora. Iracema Ceará